sexta-feira, 20 de julho de 2012

Uma outra globalização

Alguns pesquisadores consideram que a globalização teve início com as grandes navegações, um período no qual o colonizador europeu entrou em contato e passou a manter relações sociais, culturais e comerciais com povos de outros continentes. Todavia, esse processo teria se intensificado com fim da Guerra Fria entre as décadas de 1980 e 1990.

É comum conceituar a globalização como um processo de internacionalização da economia, interligando regiões sob os aspectos políticos, sociais, culturais e econômicos. Com a expansão dos sistemas de transporte e comunicação esse processo foi intensificado consideravelmente. Destacam-se as inovações tecnológicas e comunicações via satélite: telefonia celular, informática e internet.

Publicado no ano 2000, um livro visava, através da reflexão sobre o Espaço geográfico, analisar e questionar o contexto da globalização atual: com sua tendência ao tecnicismo e mecanização, levando a uma desumanização e a um progressivo domínio do capital perante a vida social ou pessoal.

Tratava-se da Obra “Por uma outra Globalização”, livro escrito por Milton Santos que faz uma abordagem crítica sobre o processo de globalização atual na lógica do capital, transformando o consumo em ideologia de vida e fazendo de cidadãos meros consumidores.

Milton Santos coloca que a sociedade deve rever os problemas da atualidade e construir um novo conceito de mundo globalizado: pelo qual seria interessante viver e lutar. O autor aborda a globalização levando em consideração três visões diferentes sobre a mesma:

1 – A globalização como fábula: um mundo ilusório, mas transmitido como se fosse real.

2- A globalização perversa: o mundo real

3 - Uma outra globalização: o mundo ideal

Na analise da primeira visão, o autor mostra os conceitos e ideologias da globalização atual no sentido de legitimar a si mesma (imagem de uma aldeia global com suas facilidades).

Posteriormente, faz uma análise das inúmeras desigualdades e perversidades criadas pela globalização (que se apresenta como integradora, mas é excludente).


A terceira visão mostra um conceito novo de globalização, desenvolvida sob uma integração real, social e humanitária, na qual as desigualdades se amenizariam, o tecnicismo ou o capital não se sobreporiam ao âmbito individual ou social, mas se dariam de forma inteligente e sustentável.

Milton Santos destacou-se por seus trabalhos em diversas áreas da Geografia, sendo um dos grandes nomes da renovação da Geografia no Brasil (ocorrida na década de 1970) e foi o geógrafo brasileiro que maior reconhecimento alcançou fora do país.

Faleceu em 2001, aos 75 anos de idade.

“Muito falamos hoje nos progressos e nas promessas da engenharia genética, que conduziriam a uma mutação do homem biológico, algo que ainda é do domínio da história da ciência e da técnica. Pouco, no entanto, se fala das condições, também hoje presentes, que podem assegurar uma mutação filosófica do homem, capaz de atribuir um novo sentido à existência de cada pessoa e, também, do planeta”. (SANTOS, 2000, p. 174)

“O mundo global visto do lado de cá” (VÍDEO ABAIXO) é um documentário do cineasta brasileiro Sílvio Tendler que discute os problemas da globalização sob a perspectiva das periferias. O filme é conduzido por uma entrevista com Milton Santos.


Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei muito do blog!!! Parabéns pelo trabalho!