sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Apocalipse atômico vira realidade em “Akira”


Por meio de diferentes métodos, vários grupos sociais, ao longo da História, constroem projeções de como poderia ser o futuro. Essa foi a proposta de “Akira”: uma clássica série de quadrinhos japoneses (mangá) que começou a ser publicada em 1982 e foi transformada em uma animação de longa-metragem em 1988.  

A história é ambientada no ano 2030 em  Neo-Tokyo: cidade de Tokyo reconstruída após ter sido destruída na III Guerra Mundial. Essa Guerra (uma guerra atômica) teria sido iniciada pelo crescimento incontrolável dos poderes sobrenaturais de uma criança chamada Akira, registrada em um programa secreto do governo, 38 anos antes.

Depois de reconstruída a cidade, o mundo que emergiu daí foi um mundo decadente e cheio de problemas derivados da destruição pela guerra: seqüelas genéticas provocadas pela radiação nuclear, crise econômica, violência e pobreza, grande quantidade de menores órfãos, políticos corruptos e gangues de rua.

Explosão  em Tokyo
Tokyo destruída e Neo-Tokyo
O cenário da animação em 2030, 38 anos após o início da Terceira Guerra Mundial (desencadeada com uma bomba) nos faz lembrar a situação real de Hiroshima e Nagasaki durante e após 1945. Além da destruição e das baixas civis e militares, boa parte da “herança” nuclear de Neo-Tokyo, citada no filme, também foi vivenciada pelos japoneses após a Segunda Guerra Mundial.


No período de produção dos quadrinhos e do filme, o mundo encontrava-se em plena Guerra Fria, na qual duas grandes potências mundiais trocavam entre si ameaças nucleares. Esse contexto também teve uma influência inegável para a criação de “Akira”.

O próprio japonês Katsuhiro Otomo , artista de mangá e criador de “Akira” nasceu em 1954 e fez parte da geração que vivenciou o cenário caótico da reconstrução do Japão pós Segunda Guerra e a paranóia em decorrência da Guerra Fria.

Curiosamente, em 1989, um ano após o lançamento e distribuição da animação, caía o Muro de Berlim, encerrando a Guerra Fria.


Além da idéia básica de indivíduos com poderes sobre-humanos, promovidos pela contaminação radioativa, “Akira” nos mostra com um olhar crítico os problemas sociais e políticos de uma sociedade moderna e a forma como um conflito bélico pode marcar o imaginário coletivo de um povo.

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